Pablo Marçal Maior Que Bolsonaro?
Você já parou para pensar como alguém pode transformar sua vida de completa obscuridade para uma presença onipresente na internet?
Imagine começar do zero e, em poucos anos, se tornar uma figura tão influente que mesmo depois de ter suas contas bloqueadas, você ainda consegue acumular milhões de seguidores.
É exatamente isso que aconteceu com Pablo Marçal.
Há seis anos, Pablo Marçal era um nome desconhecido.
Hoje, ele não é apenas um nome, mas um fenômeno nas redes sociais.
Com um patrimônio declarado de R$ 193 milhões e milhões de seguidores em diversas plataformas, ele se tornou uma força que não pode ser ignorada.
Mas como alguém consegue alcançar tal sucesso em tão pouco tempo?
Vamos explorar a trajetória de Pablo Marçal e descobrir o que o tornou tão influente e controverso.
Recentemente, as contas dele foram bloqueadas pela justiça, mas em menos de 24 horas ele já tinha acumulado 3 milhões de seguidores em um novo perfil no Instagram.
No entanto, não estou aqui para defender ou criticar Pablo Marçal.
Meu objetivo é outro: entender como ele se transformou nessa figura tão influente e onipresente na internet. Até porque, sinceramente, ainda não tenho uma opinião definitiva sobre ele.
Pablo Marçal é uma verdadeira incógnita para mim. Em certos momentos, algumas atitudes dele me causam repulsa, enquanto em outras ocasiões, me vejo admirando algo que ele fez ou disse.
Ele é, sem dúvida, uma pessoa difícil de decifrar.
No entanto, há algo que penso: ele é atualmente uma das pessoas mais atacadas pelo sistema, e se o sistema está contra alguém, sinto que, pelo menos, não devo me opor a essa pessoa.
Não vou me alinhar com o sistema.
Isso não significa que eu acredite que ele vá mudar algo nesse cenário político caótico.
A verdade é que, na minha opinião, seja ele eleito ou não, o Brasil já está em uma situação muito complicada, sem muita esperança de solução.
Quem me segue sabe bem qual é o meu posicionamento.
Acredito que precisamos focar em nós mesmos, no nosso crescimento, no nosso desenvolvimento pessoal e na acumulação de patrimônio.
Porque, enquanto continuamos brigando por políticos A ou B, estamos jogando o jogo do sistema.
E esse jogo é projetado para que você perca, para que você seja subjugado a longo prazo.
Independentemente de quem esteja no poder, o estado sempre encontrará uma maneira de restringir sua liberdade.
O Estado sempre vai buscar mais e mais controle, e se para conseguir isso é necessário te manter submisso, ele fará isso sem hesitar.
Pode até colocar de vez em quando um gestor competente para organizar as coisas, talvez até diminuir 1% dos impostos.
Mas isso só será feito para que, logo em seguida, possam aumentar em 30% o que você paga, de forma que você nem perceba o golpe.
Esse é o jogo. E minha opinião é que você não deve participar dele. Foque em você mesmo.
Veja o exemplo do Bolsonaro: no começo, ele era todo destemido, prometendo enfrentar o sistema, mas o que aconteceu?
Acabou se tornando mais uma marionete domesticada, agora fazendo campanha para quem ele mesmo criticava.
Isso prova que nada vai mudar, independentemente de Pablo Marçal ser eleito ou não.
Mas, o propósito deste vídeo não é discutir política. O foco aqui é a ascensão midiática de Pablo Marçal.
Independente de ele ser bom ou mau, de ser um político competente ou não, há algo que ninguém pode negar: ele alcançou um feito extraordinário.
Você rola o feed do Instagram, e lá está o Pablo Marçal. Abre o TikTok, e ele aparece.
No X, no YouTube, na TV… em todos os lugares, ele está presente.
E isso levanta a questão: como esse cara consegue estar em todos os cantos, mesmo após ter suas contas derrubadas nas redes sociais?
Porque, naturalmente, quando alguém perde suas contas nas redes, essa pessoa se torna invisível, sem voz, como se estivesse exilada do mundo digital.
Mas com Pablo Marçal, parece que isso não acontece. Ele continua aparecendo, como se nada pudesse calá-lo.
Mesmo com todas as redes derrubadas, ele continua aparecendo na nossa timeline o tempo todo.
Mas como isso aconteceu?
O que esse cara fez para se tornar tão relevante em tão pouco tempo?
Se você me perguntar como ele conseguiu essa façanha, eu diria que, por trás de tudo o que ele vem fazendo na internet há anos, sempre houve uma intenção clara.
Nada do que ele fez foi por acaso.
Muita gente o chama de gênio do marketing, mas, para mim, que acompanhei de perto o surgimento do marketing digital no Brasil, eu não vejo nele tanta genialidade assim.
Ele é, sem dúvida, muito esperto, inteligente e excelente em marketing. Isso é inegável.
No entanto, quando se trata de estratégia e comunicação, já vi vários profissionais tão bons quanto, ou até mais habilidosos do que Pablo Marçal.
Mas ele tem um diferencial que a maioria das pessoas não tem: a coragem de se expor e de usar o marketing negativo a seu favor.
E, na minha opinião, é isso que realmente o diferencia dos outros.
Quando você ouve a palavra “marketing”, normalmente pensa em marcas tentando destacar suas melhores qualidades e associando seus nomes a coisas positivas.
Mas existe outra forma de fazer marketing… Você já ouviu aquela frase: “Falem bem ou falem mal, o importante é que falem de mim”?
Essa frase ilustra perfeitamente o que o Pablo tem feito recentemente.
Lembra daquele ex-BBB que ninguém mais se recorda?
O cara participou do programa, ganhou um prêmio e depois sumiu… porque, no fim das contas, ele não tem relevância alguma para a sociedade, não tem nada a oferecer.
O que o mantinha relevante era aparecer diariamente na Rede Globo em horário nobre.
Quando o programa acaba, ele perde qualquer relevância e é rapidamente esquecido.
Então, como esses ex-BBBs fazem para voltar a ter visibilidade?
A resposta é simples: eles se envolvem em polêmicas.
Aparecem em uma festa, um vídeo comprometedor vaza, são vistos com alguém famoso, brigam com alguém, ou começam a criar confusões publicamente nas redes sociais.
Por quê? Porque isso os mantém em evidência. Polêmicas geram atenção, viralizam na internet, e como muitos desses ex-BBBs não têm escrúpulos, valores ou caráter — afinal, para participar de um programa desses, isso é quase um requisito —, eles fazem o que for necessário para se manterem relevantes.
É aí que entra o marketing negativo, o marketing da polêmica. Eles apostam nisso, em confusões, para que as pessoas continuem prestando atenção neles.
Um exemplo emblemático de alguém que adotou essa estratégia recentemente foi Daniel Penin.
Ele tentou construir credibilidade na internet, tentou criar uma marca forte, mas suas ações não condiziam com o que ele queria passar.
Quando todos se voltaram contra ele e ninguém mais acreditava nas suas mentiras, ele adotou o arquétipo do vilão e provocou uma treta séria com o Kaiser, claramente com a intenção de trazer os olhares de volta para si, mesmo que fosse através do marketing de polêmica, do marketing negativo.
Geralmente, são pessoas sem escrúpulos que recorrem a esse tipo de marketing para ganhar relevância, pois existem grandes riscos envolvidos.
A polêmica pode destruir sua vida pública na internet, pode deixar uma imagem negativa que nunca desaparecerá. Mas, ao mesmo tempo, a polêmica viraliza com muita facilidade.
Então, embora os riscos sejam altos, as recompensas também podem ser grandes.
Se o seu objetivo é captar o máximo de atenção possível, independente dos meios, o marketing negativo pode ser uma estratégia viável.
E foi exatamente nisso que o Pablo apostou.
Pense bem: aquele vídeo, aquela live com apenas 19 pessoas assistindo… você realmente acha que, se ele continuasse sendo o cara comum, morno, que fazia uma live para 19 pessoas, o nome dele teria alcançado tanta repercussão?
Claro que não, ele entendeu rapidamente um conceito que eu sempre reforço: não há espaço para pessoas “mornas” na internet.
Você precisa se posicionar, e precisa ter opiniões fortes.
Quanto mais firmes forem suas opiniões, maior a chance de você construir uma base sólida. Mas o Pablo levou isso a outro patamar, literalmente.
Assim que ele percebeu isso, começou a se posicionar de forma assertiva e nunca teve receio de expressar opiniões polêmicas.
Isso já foi o bastante para atrair muita atenção, e com isso, ele conseguiu vender muitos cursos, produtos, realizar lançamentos milionários e cobrar altas quantias, como R$ 5.000 por um almoço ou R$ 1.000 por uma mentoria.
Em pouco tempo, ele se tornou um dos maiores nomes do marketing digital, em apenas dois ou três anos, já estava entre os gigantes do setor.
Mas, mesmo assim, isso não foi suficiente para ele romper a bolha do marketing.
Quem conhecia o Pablo éramos nós, que já acompanhávamos o mercado de lançamentos e de produtos digitais.
Então, lá por volta de 2022, ou talvez 2023, ele descobriu a estratégia de Andrew Tate.
A estratégia do Andrew Tate funcionava como um verdadeiro “canhão de mídia”.
Para quem não está familiarizado com o termo, “canhão de mídia” é uma estratégia de publicidade que utiliza métodos não ortodoxos para romper o padrão das pessoas.
Basicamente, você usa o efeito de choque, a quebra de expectativas, para fazer com que as pessoas falem de você e, assim, se torne um assunto de discussão pública.
Andrew Tate executou isso de maneira brilhante.
Ele desenvolveu uma técnica onde as pessoas compartilhavam suas mensagens de uma maneira impossível de ser censurada.
Mesmo que suas redes sociais fossem derrubadas, havia constantemente gente compartilhando trechos de suas falas, porque ele começou a participar de várias lives e abordava assuntos polêmicos sem escrúpulos, sem medo de ser cancelado, ou mal interpretado.
Na verdade, ele queria ser mal interpretado. Essa era a ideia: quanto mais controverso, quanto mais absurdas fossem suas declarações, mais esses trechos iriam viralizar.
Tate então monetizou sua base de fãs para impulsionar a viralização desses cortes.
Ele foi o primeiro no mundo a implementar essa estratégia, e foi simplesmente genial.
Observando o sucesso disso, Pablo decidiu adotar uma abordagem semelhante.
Ele começou a permitir gravações de suas palestras, algo que antes não era permitido.
Nessas palestras, ele intencionalmente — ou talvez não — começou a contar histórias inventadas, como a famosa história do cavalo dando ré ou do helicóptero caindo que ele supostamente consertou.
Basicamente, ele se posicionou como o “Chuck Norris brasileiro”.
Em alguns outros vídeos, as coisas se tornaram ainda mais polêmicas, com registros de momentos em que ele humilha pessoas que pagaram caro para estar em suas palestras.
Não vou entrar aqui no mérito sobre a qualidade do produto dele, se é bom ou ruim, mas a estratégia foi eficaz.
Esses cortes que ele fez começaram a gerar reações mistas: para alguns, provocaram revolta; para outros, foram hilários.
Isso rapidamente o transformou em um meme em todo o Brasil. A partir desse ponto, a viralização começou a acontecer de forma espontânea.
No início, ele incentivou essa divulgação remunerando as pessoas para criar e compartilhar esses cortes. Mas, conforme os vídeos começaram a viralizar, a coisa tomou um rumo orgânico.
De repente, todo mundo queria cortar os vídeos do Pablo Marcial e jogá-los na internet, sabendo que isso traria muitas visualizações.
A partir daí, a situação parecia sair do controle. Pelo menos, foi o que a maioria pensou. Mas, na verdade, estava tudo acontecendo exatamente como ele planejou.
Em um dos vídeos, ele admite que já sabia que iria virar meme e disse aos criadores dos cortes que o importante era viralizar. O resto, ele resolveria depois.
E ele realmente resolveu, porque conseguiu transformar toda essa atenção, que inicialmente parecia negativa, em algo extremamente vantajoso para ele.
No começo, parecia que ele estava cometendo um suicídio de carreira, se transformando em meme e perdendo credibilidade.
Mas então, ele usou uma estratégia brilhante para reverter essa situação. Tudo isso aconteceu em seis fases, e a primeira fase foi exatamente essa quebra de padrão.
Ele pagou várias pessoas para criar cortes polêmicos, o que fez com que ele ficasse conhecido em toda a internet.
Para isso, ele criou uma comunidade fechada, basicamente inspirada na estratégia de Andrew Tate.
Pablo montou um grupo no Discord e organizou uma espécie de campeonato de cortes. Seus seguidores criavam vídeos no TikTok, Instagram e espalhavam pela internet.
Quem conseguisse mais visualizações, ou seja, quem encontrasse as falas que mais viralizassem, recebia uma recompensa adicional do próprio Pablo, além dos ganhos das plataformas.
Essa foi a primeira fase.
Depois, veio a segunda fase, o “canhão de mídia”. Pablo deixou a poeira assentar e permitiu que se falasse dele o máximo possível, tornando-se o centro das discussões públicas.
O objetivo dessa fase era simples: espalhar o nome dele por toda parte, não importava se de maneira positiva ou negativa. Após isso, ele avançou para a terceira fase: a consolidação do seu nome.
É aqui que a estratégia começa a ficar realmente genial.
Depois de viralizar e virar meme, com declarações absurdas como “consertar um helicóptero em pleno voo” ou “aprender natação em um dia e já virar instrutor”, ele se tornou parte do inconsciente coletivo.
As pessoas passaram a ter uma ideia de quem era Pablo Marçal, mas, inicialmente, essa ideia vinha acompanhada de repúdio. Todo mundo o criticava.
No entanto, quando as piadinhas no estilo “Chuck Norris” começaram a surgir, algo mudou. As pessoas começaram a rir, a encontrar humor nas suas declarações.
Você pode pensar que é uma pessoa racional, mas a parte racional do nosso cérebro representa menos de 10% de como nossa mente funciona.
Então, quando você sente uma mistura de repulsa e diversão em relação a alguém, isso abre espaço para uma mudança no sentimento coletivo.
Nessa fase, as pessoas já não estavam mais apenas criticando Pablo; elas estavam começando a gostar dele, mesmo que achassem tudo um pouco ridículo.
Esse sentimento positivo, de certa forma, abriu as portas para o próximo passo.
E aí vem a quarta fase: a virada de jogo.
Quando Pablo estava no auge da viralização, ele aceitou participar do programa *Fritada*.
A ideia era se expor publicamente às críticas que já estavam sendo feitas nos bastidores, permitindo que os comediantes dissessem na cara dele tudo o que o público queria dizer.
Mas por que ele faria isso, sabendo que já estava sendo tão criticado?
Por que se submeter a esse tipo de situação ao vivo, diante de milhões de pessoas?
Foi aí que ninguém esperava a jogada de mestre.
O programa *Fritada* atraiu milhões de visualizações em apenas 24 horas. E com todos os olhos voltados para ele, Pablo fez algo inesperado: após ouvir as críticas, ele se levantou da cadeira e fez um discurso motivacional, mostrando um lado mais humano de si mesmo.
O que parecia ser uma situação de humilhação se transformou em uma oportunidade para ele mudar a percepção das pessoas sobre quem ele realmente era.
Vocês pagaram pouco por isso, mas joguem fora a reputação. A reputação é como uma nota social, e você permite que 5, 10, 20 pessoas ou a mídia decidam essa nota.
Isso acaba travando muitos de vocês. Vocês não se soltam, não falam o que realmente pensam, não seguem o que está no coração porque as pessoas ao seu redor não deixam.
E sabe por que essas pessoas não permitem que vocês façam o que querem?
Porque, se vocês prosperarem, vocês vão expor as fraquezas delas. Se você começar a falar coisas diferentes, estará revelando quem elas realmente são.
Eu vim de uma escola pública, minha mãe era faxineira, meu pai, funcionário público.
Eles queriam que eu seguisse o mesmo caminho, mas olha o que aconteceu: vindo dessa história, eu não teria a mínima chance de chegar até aqui.
Mas enquanto eu observava o ambiente ao meu redor, eu me perguntava: como um cara sem tanto talento como o Léo Lins está prosperando?
Essa é a pergunta que vocês deveriam fazer: como esses caras lotaram este lugar?
Durante o programa, uma das participantes, uma comediante, tinha passado por uma depressão profunda recentemente, algo que a levou a quase tirar a própria vida.
E ali, no palco, Pablo Marçal deu um discurso tão poderoso que fez essa comediante sair chorando. Aquilo não foi nada combinado, ninguém esperava aquela reação.
No dia seguinte, a comediante postou nos Stories que foi convertida pelas palavras do Pablo, dizendo que o discurso dele foi fundamental para ela começar a valorizar a própria vida.
Aproveitando que todos os olhares estavam voltados para ele, Pablo Marçal mostrou uma versão de si que ninguém conhecia, ou pelo menos que o grande público desconhecia.
As pessoas que já consumiam seus produtos e assistiam suas palestras talvez já estivessem familiarizadas com esse lado mais humano do Pablo, mas ele aproveitou o momento no *Fritada* para revelar esse lado ao mundo inteiro.
Logo depois, algo inesperado aconteceu, algo que não estava nos planos, mas que acabou se tornando a quinta fase da consolidação de Pablo Marçal: uma prova concreta de que ele era realmente um ser humano.
Essa fase foi marcada pela tragédia das chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul. Pablo Marçal emergiu como uma figura central na ajuda humanitária, colocando milhões do próprio bolso para investir em infraestrutura e assistência às pessoas afetadas.
Ele foi um dos primeiros a arregaçar as mangas e, embora tenha feito mídia em cima disso, o fato é que ele estava realmente ajudando aquelas pessoas.
Foi nesse momento que ele finalmente deixou de ser visto como um meme.
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